HELOISA
HELENA ARANTES GALLO DA ROCHA
Coagulação
Intravascular Dissseminada e Sepse
Introdução:
A
Coagulação Intravascular Disseminada (CID) é um processo complexo tanto do
ponto de vista diagnóstico como terapêutico. Geralmente ocorre como complicação
de uma doença grave. A ativação da coagulação induz à intensa coagulação
intravascular que pode ser manifestada de diversas formas. Inicialmente há
formação de coágulos de fibrina que levam à formação de microtrombos em vários
órgãos e sistemas. Com a perpetuação da ativação do sistema de coagulação ocorre intenso
consumo de fatores de coagulação. Este processo se intensifica pela disfunção
hepática concomitante e pela diminuição da vida média dos fatores de coagulação
secundária à ativação da fibrinólise. Devido ao consumo de fatores e de plaquetas,
a formação de microtrombos na CID freqüentemente é acompanhada por graves
complicações hemorrágicas.
Sepse:
Uma
das principais causas de CID é a sepse. Os pacientes em choque séptico que
desenvolvem CID apresentam uma mortalidade maior (13). Os microtrombos da CID
representam um papel importante na fisiopatologia da disfunção orgânica do
choque séptico e podem ser considerados como um importante fator no
desencadeamento da falência orgânica múltipla.
Nos
últimos anos tem se tentado redefinir a sepse como uma condição patológica
inclusive dividindo a sepse em : sepse, síndrome séptica e choque séptico(3).
Das discussões mais recentes emergiu o conceito de síndrome de resposta
inflamatória sistêmica (SIRS), que
sustenta que a sepse pode estar presente mesmo quando um agente
patológico não for detectável. O ponto mais importante desta síndrome é a
resposta inflamatória sistêmica à infecção, cirurgia, queimadura, pancreatite
ou politraumatismos(6). A resposta sistêmica do organismo a estes agressores pode variar de uma reação
relativamente leve ao choque séptico.
Manifestações
Clínicas da Sepse:
1- Temperatura
> 38.5°C ou hipotermia ( < 35.5°C ) em 1 a 10% dos pacientes ( 15 ).
2- Taquicardia
3- Taquipnéia,
que pode inicialmente se apresentar como hiperventilação com alcalose
respiratória.
4- Leucometria
anormal ( leucocitose> 15 000/mm3 ou
leucopenia< 3500/mm3,
desvio para esquerda e granulações tóxicas nos neutrófilos). A leucocitose
geralmente está presente, mas alguns pacientes podem ter leucopenia.
5- Outras
manifestações laboratoriais da sepse: trombocitopenia , diminuição da
Antitrombina III, hiperlactatemia, hiperglicemia e hipofosfatemia.
6- Outros
sintomas podem ser o resultado de alterações de perfusão tecidual:
·
Sistema Nervoso Central : torpor.
·
Pulmões : insuficiência respiratória.
·
Rins : oligúria ou anúria com aumento da retenção
de solutos.
·
Circulação : hipotensão. Em pacientes com choque
séptico a hipotensão tende a persistir apesar da oferta de volume ou tratamento
com agentes inotrópicos.
·
Alteração da coagulação e fibrinólise.
·
Ativação do Sistema Complemento ( a ativação do
Sistema Contato induz à ativação do Sistema Complemento ).
As
formas fulminantes de sepse são as mais prováveis de ocorrer em
imunossupressos e a presença de
hipotermia indica uma maior gravidade no
quadro (10). O choque séptico em pacientes com cirrose hepática geralmente é
fatal (23).
No
choque séptico refratário ao tratamento, a falência múltipla de órgãos como
pulmões, rins e fígado começa a ocorrer em 1 a 3 dias (25).
Fisiopatologia:
Um
dos agentes mais potentes de início da CID é a membrana exterior da bactéria
gram- negativa. É uma toxina que age estimulando os monócitos/histiócitos a
liberarem fatores bioativos e citoquinas pró inflamatórias como o Fator de
Necrose Tumoral e a Interleucina -1, o que leva à alteração dos níveis de bradicinina,
histamina, eicosanóides (prostaglandinas, leucotrienos, tromboxanes,
prostaciclinas), frações de complemento, radicais de oxigênio , fator ativador
da plaqueta e fatores de coagulação, culminando no desencadeamento de uma
inflamação endotelial generalizada (15).O Fator de Necrose Tumoral (FNT) é,
portanto, um mediador central da sepse .
A liberação de interleucina 6 inicia a
síntese das proteínas de fase aguda no fígado (12). Quanto maior o nível da
interleucina 6 pior o prognóstico (8). O estado final tem sido chamado de
“horror autóxico”(2).
O
novo arsenal terapêutico está sendo dirigido para interromper essa cascata de
eventos e neutralizar a endotoxina.
Interações
Leucócito- Endotélio:
A
apoptose (morte programada da célula) de neutrófilos de indivíduos normais pode
ser regulada por mediadores inflamatórios
como o FNT, interferom gama, fator estimulador de colônia de
granulócitos (GCSF), fator estimulador de colônias de granulócitos e monócitos
(GMCSF) e interleucina- 2. A inibição da apoptose por estes mediadores aumenta
a vida média dos neutrófilos em cultura como também prolonga sua longevidade
funcional. Num trabalho recente (19) identificou-se as citoquinas inflamatórias
e interleucina 10 como fortes reguladores da apoptose neutrofílica espontânea
durante a sepse. A diminuição da apoptose neutrofílica pode refletir um dos
vários mecanismos autoprotetores do hospedeiro para aumentar a capacidade
fagocítica de defesa e eliminar os microorganismos invasores (29).
O
processo inflamatório começa a nível microcirculatório com aumento da aderência
do granulócito. Isto possibilita que este exerça seu poder destrutivo nas
paredes dos vasos. Sua aderência é controlada pela expressão da adesividade das
moléculas sobre a superfície celular (29).
Os
granulócitos não estimulados mostram uma baixa densidade de superfície a estas
moléculas de adesividade. Quando estimulados os granulócitos expressam várias
glicoproteinas na face exterior da membrana celular, chamadas complexo
CD11/CD18 (26).
Inflamação
Intravascular Disseminada
Um
número de outros fenômenos que ocorrem no compartimento intravascular podem
induzir à ativação de leucócitos. Uma causa possível além da bactéria e seus
produtos é o traumatismo mecânico do sangue devido máquina salvadora de células e outros
mecanismos. Esta síndrome de ativação leucocitária leva a uma resposta
inflamatória generalizada conhecida como “Inflamação Intravascular
Disseminada”(IDI)(6).
Extravasamento
capilar
A
resposta inflamatória sistêmica que ocorre na sepse leva ao extravasamento
capilar. A insuficiência pulmonar aguda, por exemplo, começa com um aumento na
permeabilidade do endotélio capilar pulmonar. A disrupção endotelial permite
que o líquido inflamatório e as células se desviem do compartimento intravascular
para o interstício pulmonar e finalmente para o espaço alveolar. Isto leva ao
engurgitamento alveolar, inativação do surfactante e colapso alveolar,
resultando numa alteração da ventilação perfusão com hipoxia e infiltrado
pulmonar difuso. O mesmo acontece em outros órgãos e sistemas levando à
disfunção orgânica.
As
citoquinas proinflamatórias FNT e interleucina 1 aumentam a permeabilidade da
célula endotelial em um processo que pode envolver um “fator de permeabilidade
vascular”(9). Este aumento da permeabilidade é manifesto aproximadamente 6
horas após e se torna máximo em 12- 24 horas quando a combinação de citoquinas
exerce efeitos potencializadores. O fator ativador plaquetário também aumenta a
permeabilidade vascular (20) já que ele interage sinergisticamente com várias
citoquinas. O extravasamento capilar é manifesto clinicamente pela deterioração
da função respiratória, pelos parâmetros ventilatórios e pela retenção fluídica
generalizada.
A
isquemia de reperfusão está consistentemente associada com o extravasamento de
líquidos acometendo o coração, intestino, fígado ou extremidades inferiores não
somente causando injúria de reperfusão local mas podendo induzir um fenômeno
similar em outros órgãos como o pulmão, dando lugar ao termo “injúria microvascular
remota”. O processo isquemia de reperfusão ativa neutrófilos, monócitos e
macrófagos levando a uma liberação de radicais livres derivados de oxigênio,
eicosanóides, citoquinas e produção ativada do complemento. As resultantes
alterações na função da célula endotelial leva a uma alteração na
permeabilidade capilar com extravasamento. Tal fenômeno ocorre no choque, após
prolongado bypass cardio- pulmonar e em associação com procedimentos
cirúrgicos maiores (9).
Ativação
da Coagulação
A
elevação do nível de citoquinas circulantes é seguida por um aumento
significativo nos marcadores da geração de trombina (fragmentos de protrombina
F1 e F2, complexo- trombina/antitrombina) e marcadores para a conversão de fibrinogênio em fibrina
(fibrinopeptídeo A e monômeros de fibrina) (29). A fibrina induz retração das
células endoteliais que promovem um processo inflamatório. Estudos tem
implicado vários metabolitos do fibrinogênio no aumento da permeabilidade
vascular observada em várias doenças e modelos experimentais de inflamação
(2,8,12).
Uma ativação similar do sistema de coagulação
pode ser observada pela injeção de FNT (21). A administração concomitante de
pentoxifilina e endotoxina em chimpanzés bloqueia a expressão de endotoxina
induzida pelo FNT com uma inibição da atividade coagulante (18). Assim, o FNT
não é somente um mediador central na cascata de citoquina, mas também
representa um mediador crítico da ativação procoagulante induzida pela toxina.
A
geração de trombina pode ocorrer pela via
intrínseca ou extrínseca. Os estudos in vitro mostraram que altas
concentrações de endotoxinas podem ativar diretamente o fator Hageman(X),
concluindo-se, portanto, que o fator intrínseco era o responsável pela ativação
da coagulação (7).
Os
trabalhos mais recentes mostraram que a via extrínseca é a principal
responsável pelo início da coagulação na sepse fazendo disso um processo
dependente do fator tissular (5). A injeção de endotoxina ou FNT é seguida pela
formação de trombina mediada pelo fator X sem alterações significativas nos
marcadores para fator intrínseco como o complexo fator XII- C1 , ou ativação do
fator XI. Os estudos in vivo mostraram que endotoxina, FNT e interleucina- 1
induzem a expressão do fator tissular nos monócitos e células endoteliais (24).
O fator tissular se liga ao fator VIIa formando um complexo fator
tissular-fator VIIa que é responsável pela conversão do fator X em fator Xa. Os
estudos clínicos também demonstraram um aumento na expressão do fator tissular
em monócitos de crianças com sepse por meningococos (4).Posteriormente
demonstrou- se o papel dominante do fator extrínseco neste processo de ativação
através de estudos em chimpanzés com bacteremia ou endotoxemia experimental no
qual o fator tissular ou o fator VIIa foi bloqueado com anticorpos monoclonais
(18). A formação de trombina induzida pela endotoxina e a conversão de
fibrinogênio em fibrina foram completamente suprimidas nestes estudos pelo
bloqueio do sistema extrínseco.
O
sistema de coagulação contém vários sistemas inibitórios que são da maior
importância. Entre eles estão a antitrombina III e o sistema proteína C-
proteína S. Os níveis dos sistemas inibitórios estão geralmente deprimidos nos
pacientes sépticos com os níveis da
antitrombina III caindo rapidamente quando ocorre a sepse. Os níveis de antitrombina III mais baixos que
60% são descritos como associados a uma mortalidade de 100% (11). O FNT e a
interleucina I regulam a expressão da trombomodulina nas células endoteliais,
levando a uma diminuição na atividade da proteína C (28). Isto por sua vez
contribui para o desenvolvimento posterior de um estado procoagulante.
Conclui-se que a administração da proteína C ativada poderia exercer
efeito protetor contra a CID e a falência orgânica já que um nível baixo
de proteína C ao início da sepse é um sensível marcador de mau prognóstico
(11).
Sistema
Fibrinolítico
A
ativação do sistema fibrinolítico ocorre em pacientes sépticos com CID, com os
testes laboratoriais mostrando redução nos níveis plasmáticos de proteínas
fibrinolíticas e aumento de produtos de degradação de fibrinogênio. A ativação
fibrinolítica é interpretada como um processo secundário pela ativação da
coagulação. Os estudos clínicos sugerem que o sistema fibrinolítico inicialmente é ativado e posteriormente
inibido (14).
Aproximadamente
1 hora após o aumento do nível da atividade fibrinolítica, há um aumento nos
níveis do inibidor do ativador do plasminogênio (PAI-1), com completa inibição
da atividade fibrinolítica dentro de 3- 4 horas. Uma vez que a atividade
fibrinolítica é máxima após 4- 5 horas, ocorre um desequilíbrio do sistema
procoagulante e fibrinolítico. Este seria o responsável pela incompleta
dissolução dos depósitos de fibrina na microcirculação de pacientes sépticos.
A
proteína C ativada- APC tem um importante papel na regulação da trombose e
fibrinólise pela inibição não somente dos fatores de coagulação Va e VIIIa mas
também do inibidor do ativador do plasminogênio tipo I (PAI-1), portanto, a
proteína C ativada tem atividade anticoagulante e profibrinolítica na CID
induzida pela sepse (28).
Plaquetas
A
contagem de plaquetas geralmente está diminuída em estados sépticos. Esta
trombocitopenia é o resultado de consumo de plaquetas por depósitos de fibrina,
adesividade plaquetária à células endoteliais alteradas e seqüestro pulmonar e
esplênico. Geralmente existe uma íntima correlação entre a diminuição na
contagem de plaquetas e a mortalidade de pacientes. As anormalidades na função
plaquetária não são causadas somente pela sepse; podem ocorrer devido a
antibioticoterapia ou podem estar relacionadas com a uremia da sepse. (22)
Translocação
Nos
últimos anos tem se dado importância à translocação através a parede intestinal.
O choque pode romper a integridade da barreira gastrointestinal, permitindo ao
intestino que este se torne permeável à bactérias, endotoxinas e outros
complexos macromoleculares. Esta penetração de endotoxinas e a translocação de
bactérias do tracto alimentar tem sido caracterizadas como um “motor”da
falência múltipla de órgãos (17).
Papel
do fígado
Entre
as funções essenciais, o fígado serve como regulador da endotoxemia dependente
do intestino, produção de mediadores da
inflamação e síntese de proteínas
plasmáticas. Interposta entre as circulações intestinal e sistêmica, o fígado
tem um papel principal na redução ou eliminação da bactéria translocada e
toxinas do tracto gastrointestinal. Se o fígado não estiver apto a realizar
esta função de filtragem adequadamente, as toxinas translocadas entrarão na
circulação sistêmica. Principalmente nos casos onde a hipofunção hepática
permite que os mediadores inundem a circulação sistêmica, a sobrecarga passa ao
sistema retículo endotelial mais próximo, o pulmão. Esta cadeia de eventos
destaca a importância da interação sistema gastrointestinal- fígado, assim como
o eixo “fígado- pulmão” (25).
Oxigenação
Tissular
A
resposta inflamatória generalizada é acompanhada por uma hipoxia celular cuja
causa possível é um mistério. Dois mecanismos patogênicos tem sido propostos: a
hipoxia celular pode resultar de insuficiência microcirculatória com liberação
inadequada de oxigênio aos tecidos ou ainda resultante de uma falência do
metabolismo celular (2).
Em
termos clínicos isto significa que uma acentuada redução da oxigenação tissular
pode ser demonstrada em pacientes com sepse severa. Apesar da liberação
adequada de oxigênio aos tecidos no sangue arterial, há uma redução na captação
de oxigênio e assim no consumo de oxigênio pelos tecidos.
A
resposta hemodinâmica do organismo envolve uma reação hiperdinâmica a nível da
grande circulação, que alguns autores interpretaram como uma tentativa em
restabelecer a oxigenação tissular adequada (1). Uma característica desta fase
hiperdinâmica é a paralisia do sistema vascular periférico, onde se dá uma
falência da regulação da distribuição adequada de sangue. Nesta fase há
liberação pelas células endoteliais de um fator relaxante, o óxido nítrico,
chamado de mediador da dilatação arteriolar (16).
Disfunção
miocárdica
A
depressão miocárdica direta é outro fato importante na falência múltipla
orgânica da sepse. Os estudos recentes tem demonstrado que o FNT tem fortes
propriedades cardiodepressoras sugerindo que pelo menos um aspecto da depressão
miocárdica em choque séptico é atribuível a este mediador (16).
Considerações
Finais e Conclusões:
A
sepse é uma doença aguda caracterizada por hipotensão, coagulopatia e falência
multiorgânica.
A
importância da liberação de endotoxinas no desencadeamento da sepse e de suas
complicações em pacientes com bacteremia gram negativa tem levado ao estudo
mais aprofundado do papel fisiopatológico exercido pela mesma. Com isso, tem
surgido estratégias terapêuticas anticitoquinas, principalmente contra o FNT e
Interleucina-1.
Finalmente
as pesquisas dirigidas para um melhor conhecimento da sepse provavelmente
conduzirão, num futuro próximo: 1) a detecção laboratorial de marcadores
importantes no diagnóstico precoce e prognóstico da CID 2)a indicação daqueles
pacientes que poderão se beneficiar com o uso de anticitoquinas.
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